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sábado, 13 de agosto de 2011

CARTAS QUE NÃO RECEBI

Brasília, 13 de agosto de 2011

Camarada,

Concordo inteiramente com o nosso sábio conterrâneo Guimarães Rosa: Viver é muito perigoso. Muito mais quando se ocupa um cargo tão importante.
Como é do seu conhecimento, não possuo um pingo de superstição. Não é e nunca foi a minha praia. Mas agosto sempre foi um mês estranho para a política e para os políticos brasileiros.
A pressão está sendo enorme.
Poderia estar tranquila governando nosso país, se não fosse tomada por ânsias ao tomar conhecimento de roubalheiras, shows de cinismo e o emprego de chantagens a todo mpmento.
Não que estivesse surpresa. Já tinha conhecimento do jogo desleal que domina a república.
Confesso que não tive como deixar de promover a "operação limpeza" nos transportes, face as minuciosas denúncias feitas diariamente pela imprensa.
Nem bem ocorreram as primeiras vassouradas e parece que o mundo já se virou contra mim.
Até os próceres do meu partido questionam as investigações claras e duras da PF. O Congresso ensaia as primeiras quedas de braço com o Executivo.
Estão me considerando uma ingênua. Pregam a política de "cofres abertos" e impunidades em nome da governabilidade.
Ou deixo correr tudo solto como sempre aconteceu, com a rapina correndo solta, ou se acentuarão as dificuldades.
Sofro um novo tipo de tortura, diferente daquela que já passei.
Acredite: a atual é pior.

Vana 

3 comentários:

Walter Bianchi disse...

O quadro de um politico sólido bancando com seu capital eleitoral e pela sua exclusiva vontade um sucessor tem longa historia e conhecidas repetições na historia politica brasileira(vide exemplos Lucas N.Garcez/Adhemar de Barros; Quercia/Fleury; Maluf/Pitta; só para citar governos de SP, etc.).

No primeiro momento o cargo parece um presente do padrinho para o afilhado. Assim pensam os dois, mas com o desenrolar do mandato, o afilhado começa a achar que recebeu mais onus do que bonus, mais compromissos a acertar do que vida mansa. Percebe tambem que SÓ E POSSIVEL GOVERNAR SE TODOS ACHAREM QUE ELE TEM PODER. Se a maquina administrativa e o Legislativo acharem que quem manda é o patrono politico, o eleito não consegue mandar nem no copeiro do Palacio e a tarefa de governar se torna impossivel. Não é ingratidão e nem traição, é uma realidade concreta. Ou o governante APARENTA E EXERCE PODER ou será desprezado e não vai conseguir comandar a administração. Então o afilhado começa a pensar: toda a responsabilidade é minha, todo risco é meu, mas o padrinho quer ter o poder, quer dizer, vai querer exercer o poder sem riscos e sem onus, isso não é possivel.

Observando o quadro atual vê-se que o processo é da natureza das coisas, não é produto de falha de carater do afilhado. Ele precisa ter poder de fato para governar e PRECISA DEMONSTRAR QUE TEM PODER, senão sua vida será uma desgraça.

O atual quadro da Presidente Dilma parece seguir esse precedente mas parece o desdobramento desse modelo histórico.

Por André Araujo.

Anônimo disse...

Camarada,
Pintei a cara e lutei para o Fernando Collor ser deposto.
Me embriaguei de felicidade ao vê-lo deixar o governo sozinho, desprezado e humilhado.
Hoje, envergonhado, estudando a história contemporânea, vejo que lutamos contra um presidente que queria ser independente do poder legislativo e que seu único crime foi ganhar um carro Elba da Marca Fiat.
Mil vezes pior, hoje, faz qualquer PETEZINHO de terceiro escalão.
Roubam e zombam da massa ignorante que, na época, contaminaram para cassar Collor.
Agora me embriago de vergonha desses que carreguei nos ombros, para no poder fazerem tudo que é nefasto e criminoso.
Peço perdão aos que ajudei a derrotar, ou macular, lutando para esses que aí estão no poder em Brasília.
E como auto punição dedicarei meus dias até a morte, para alertar incautos desses mascarados de falso pudor e ética conveniente.
Não medirei consequências.

PT nunca mais.

Anônimo disse...

PT nunca mais você em sua observação foi bravo, convicente e correto.
Parabens.

Caçador do Impossível