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quinta-feira, 14 de julho de 2011

14 DE JULHO


VIVE LA FRANCE
(Cena de um filme sobre Edith Piaf)

Ingenuidade, simplicidade e bobeira a toda prova. Tinha com certeza menos de 10 anos de idade, quando num quatorze de julho aconteceu a minha ida a uma peça de teatro. Foi realizada num sábado à noite num antigo pavilhão existente nos fundos da Primeira Igreja Presbiteriana de Itajubá.
A peça, recordo-me bem, chamava-se pomposamente a "Queda da Bastilha". Logicamente era uma alusão ao épico dia  da comemoração da Revolução Francesa.
O evento foi promovido por um grupo de estudantes. Ao abrirem as pesadas cortinas de veludo vermelho, com acentuado ruído provocado por enferrujadas carretilhas, deparamos com um ambiente como se fosse uma sala do trono de um antigo palácio.
Num cadeirão estava sentado um ator vestido de nobre francês, com a mesma elegância carregada hoje, por um dirigente da Helibrás ou da Alston.
Fora do tempo, invadiu os ares o som da Marselhesa.
Eram evidentes os chiados vindo da eletrola instalada por de trás do palco, onde devia rolar preguiçosamente uma bolacha de vinil de 78rpm.
Menino ainda e estreando na frente do palco (ocupava uma das primeiras fileiras), confesso o meu estado de completa emoção.  
Terminada a execução da Marselhesa, entrou, solenemente em cena, uma espécie de pajem, levando um copo com água e algo apertando, com destaque, entre os dedos.
Ao chegar defronte do ator que já estava no palco, simulou deixar escapar e rolar pelo chão, o que levava entre os dedos.
Era uma pastilha (constatado depois que era da marca Valda).
Sob os olhares surpresos dos espectadores, as cortinas se fecharam e a peça de duração mais rápida no mundo, se encerrou. E creiam, sob fortíssimos aplausos da meninada.
Não era sobre a "queda da bastilha", mas da pastilha.

Pureza.

ER  

2 comentários:

Aldo disse...

Francês ao falar faz biquinho e fala como bicha. Francesa ao falar conquista qualquer um, ou seja, o francês é uma lingua feminina. O alemão, ao contrário, o cara parece brutamontes assassino, e a mulher , sapatão.
Agora, a Marselhesa é linda, não? Se faz chorar a nós, brasileiros, imagino aos franceses...

Aldo disse...

Quando será nossa queda da Bastilha? O mal é que vejo pouca ou nenhuma resistência. Apatia geral, e submissão, como os judeus na segunda guerra. Mas mesmo eles tiveram um "gueto de Varsóvia"...