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quinta-feira, 19 de maio de 2011

ELES DISSERAM

A mudança silenciosa:

A internet é uma ferramenta que impressiona, encanta, desafia e assusta. Especialmente a indústria da informação e o próprio profissional de imprensa. Atitudes, comportamentos, decisões e requisitos precisam ser redefinidos para situar o papel do jornalista neste admirável mundo novo. Na vida compassada do século 19, o dia já tinha 24 horas, mas o jornal só tinha o livro como concorrente. Dava para ler tudo, da primeira à ultima página. Agora, no frenético século 21, o dia parece mais curto, e o jornal certamente vive uma crise de identidade. Uma pesquisa da Abert mostra que o leitor em 2001 gastava 64 minutos por dia na leitura do jornal. Seis anos depois, essa média baixou para 45 minutos. O jornal está sendo trocado pela internet. Nesse período, o tempo diante da tela do computador pulou de 2 para mais de 3 horas diárias.
Em 2009, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) registrou uma retração de 3.5% na circulação diária total no país, em relação ao ano anterior: a soma de jornais caiu de 8,5 milhões para 8,2 milhões de exemplares. É a segunda queda de circulação desde 2003, a primeira consecutiva.
O Rio de Janeiro é o melhor exemplo dessa preocupante retração. Nos anos 1950, quando ainda era a capital, a cidade de 3 milhões de habitantes tinha 18 jornais diários, com tiragem diária de 1,2 milhão de exemplares. Hoje, com o dobro da população, o Rio tem apenas dois grandes jornais e 500 mil exemplares/dia.
Duas décadas atrás, a Folha de S.Paulo se gabava de ser "o 3° maior jornal do Ocidente", com uma edição dominical de 1 milhão de exemplares. Em 2010, a tiragem média despencou para 294 mil exemplares e a Folha ainda perdeu o primeiro lugar no ranking nacional para o Supernotícia, um jornal popular de Belo Horizonte, vendido a 25 centavos para as classes C e D e que atrai leitores com prêmios como panelas, faqueiros e bugigangas. No sábado, 30 de abril, dia seguinte ao casamento real em Londres, a manchete do maior jornal do Brasil tinha outro tema: "Tarado causa pânico em Sabará".

Luiz Cláudio Cunha


2 comentários:

Anônimo disse...

É impressionante como brasileiro adora tragédia. Basta ter "sangue" em capa de jornal que vende todos os exemplares, não volta nenhum...
Agora, se a capa for sobre economia, política, variedades fica entalado nas bancas...
É complicado
Paula

Anônimo disse...

A culpa é dos jornalistas que exploram a tragedia como produto final de venda.
Transformar algo bom em boa noticia e vender é coisa pra profisional, não para amadores e jornaizinhos que existem por ai.....
Mas logo jornal vai acabar, vai virar coisa do passado!

Gay Moderno