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segunda-feira, 25 de abril de 2011

HOMO SAPIENS

O Livro dos Insultos - H.L. Mencken (Companhia da Letras - Tradução Ruy Castro)

"...A capacidade para discernir a verdade essencial, de fato, é tão rara nos homens quanto comum entre corvos, sapos ou sardinhas. O homem capaz desse discernimento é de uma qualidade mais do que extraordinária - mesmo, talvez, que seja profundamente mórbido. Demonstre uma nova verdade lastreada em qualquer plausibilidade natural para uma multidão, e nem uma pessoa em 10 mil suspeitará de sua existência, e nem uma em 100 mil irá adotá-la sem feroz resistência. Todas as verdades duradouras que se impuseram ao mundo no decorrer da História foram mais combatidas do que a varíola, e todo indivíduo que as recebeu bem e lutou por elas foi, absolutamente sem exceção, denunciado e punido como um inimigo da espécie. Talvez o "absolutamente sem exceção" seja um exagero. Eu substituiria por "cinco ou seis exceções" Deixo a resposta a cargo de vocês; eu próprio não conheço nenhuma.
Mas, se a verdade é sempre mal recebida, o erro é recebido de braços abertos. Qualquer homem que invente uma nova imbecilidade recebe salvas de palmas e torna-se o dono da verdade; para as grandes massas, ele é o beau ideal  da humanidade. Dê um giro pelos últimos mil anos da História e você descobrirá que 90% dos ídolos populares do mundo - não me refiro aos heróis de pequenas seitas, mas a ídolos mundialmente populares - não passaram de mascates baratos de nonsense. Tem sido assim em política, religião e em qualquer outro departamento do pensamento humano. Mesmo tal mascate já enfrentou alguma oposição, uma vez ou outra, de críticos que o denunciaram como charlatão e o refutaram assim que ele abriu a boca. Mas, ao lado de cada um deles, havia a titânica força da credulidade humana, e isso bastava para destruir seus inimigos e estabelecer sua imortalidade."

H.L.Mencken

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