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segunda-feira, 18 de abril de 2011

CONFIDÊNCIAS DE UM INCONFIDENTE

Certa vez em Ouro Preto, em um bar chamado Barroco, conhecido por sua saborosa coxinha, e a melhor pinga com mel da região, ponto de encontro de estudantes, turistas, nativos e palco para situações inesperadas, de fato um pequeno manicômio na rua direita, onde seus frequentadores podem usufruir de um momento de loucura inesquecível, aconteceu um fato no mínimo... interessante. Em uma noite de Sexta – Feira, bar lotado, muita fumaça, muito calor, muito barulho; eu e um amigo discutíamos sobre música, filosofia, mulheres; enfim, sobre tudo, como costumávamos fazer sempre quando nos encontrávamos ali. Depois de algumas cervejas e três (ou seriam quatro) doses de pinga com mel, uma figura estranha entrou no bar. Engraçado, ele me lembrava alguém. Mas quem? Vestia calça de malha azul, camisa branca, coturno. Tinha os cabelos longos, barba feita, e o mais engraçado, andava com uma espada de madeira presa a sua cintura. Cutuquei meu amigo e disse: "Olha o cara". Rimos muito. Pessoas estranhas frequentavam o Barroco, mas igual a este sujeito nuca tínhamos visto. Olha que não era nem carnaval! Ele entrou, todo mundo olhou, uma com mel ele solicitou, no balcão ele trepou, e logo seu discurso começou: "Oficial feio e espantado, malvado, fraco talento, pobre sem respeito, não, isto não. Mas louco; louco sim. Quem não é louco (As pessoas escutavam atentas, nunca houve tal silêncio naquele bar)? Todos os grandes homens e mulheres da história se reservam o direito de serem loucos. Picasso era louco, Glauber era louco, Vinícius e Sócrates também. Claríce era louca, Maria I e Sinhá Olímpia eram também. E eu Tiradentes sou louco. Louco por liberdade e pelos meus sonhos". As pessoas se levantaram e entre aplausos e assobios, "Tiradentes" agradeceu, pulou do balcão deu uma golada na sua pinga com mel e foi embora. Cutuquei meu amigo de novo e falei: "Olha o cara". E rimos muito!

 Texto de: Saulo Pedrosa da Fonseca Rios(jornalista)

Por Bah Gorgulho

2 comentários:

Wartào disse...

Como podemos definir "loucura".
A loucura cotidiana pode ser caracterizada de acordo com a visão de mundo e o comportamento de cada um dentro de uma sociedade. Popularmente, em músicas, em poesias e no senso comum, louco é aquele que tem atitudes consideradas fora do padrão da sociedade, seja porque perdeu a razão, seja porque adota um comportamento diferente do que é costume.
Pensando dessa maneira, aqueles que, num momento de raiva, perdem o juízo e passam a agir impulsivamente e os que, numa paixão intensa, fazem coisas sem pensar nas conseqüências poderiam ser enquadrados no perfil do louco. Uma atitude espontânea, impensada, pode ser considerada loucura. Da mesma forma, pessoas que trabalham demais, vistas por quem acredita que o trabalho não é tudo, são loucas. Quem adota uma atitude diferente do padrão, tendo valores opostos ao da maioria, também é taxado de louco.
Percebe-se assim que, dependendo do olhar com que se observa, a loucura pode estar presente em qualquer situação, da mais corriqueira à mais imprevista.
A situação no Bar Barroco em Ouro Preto nada mais é que uma situação corriqueira. Depende de quem a vê e a interpreta e obviamente de quantas pingas com mel foram consumidas
Valeu Bah.

Anônimo disse...

Zézinho

Nada como "Balada do Louco"
com "Os Mutantes" .Esta música diz tudo ...

Alaor