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segunda-feira, 21 de março de 2011

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA

Do Lula Falcão

Ao ingressar no fabuloso mundo corporativo, o primeiro passo é aprender mais uma língua. Não é propriamente o inglês. É o corporativês - idioma composto por palavras estrangeiras, siglas, verbos que não existem nos dicionários e clichês como “agregar valor”, “impactar nos negócios” ou “otimizar” qualquer coisa. Nesse ambiente, você precisa ser proativo, saber fazer um “approach” (abordagem) e um “Business Plan” (plano de negócios) , além de entender o “Core business” (negócio principal da empresa). Em caso de dúvida, procure uma Coaching (sessão de aconselhamento) “as soon as possible” (o quanto antes). Só assim, você terá um “Consumer understanding” (conhecimento profundo do cliente) e ganhará um elogio do “CKO - chief knowledge officer” (o gestor do capital intelectual da companhia).
Se você entender o “briefing” (informações necessárias para uma ação) e estiver em “sinergia” com seus “parteners”, talvez consiga um “Breakthrough” (avanço em determinada área) e, no futuro, crie um “case” (caso de estudo da empresa) ou, pensando mais alto, chegue ao cargo de “CEO” que, no dialeto das empresas, significa “chief executive officer”.
Agora, se o “clima organizacional” não estiver legal, o “budget” (orçamento) for ruim, o “Break even point” (a explicação é longa; vá ao Google) não rolar e o “Business Unit” (unidade de negócios) der para trás, você será chamado pelo “CHRO - chief human resources officer”, que se encarregará da “descontinuidade” de seu contrato de trabalho, ou seja, da sua demissão. Nesse caso, você pode fazer um “Counseling” (aconselhamento de carreira) e decidir que seu negócio é mesmo um concurso público para fiscal do IBAMA.

Lula Falcão

3 comentários:

Saulo Caridade disse...

Certa ocasião durante um curso de extensão em marketing pela FGV em Belo Horizonte, as equipes teriam que apresentar ao final do dia um trabalho sobre um tema específico e poderiam utilizar as ferramentas de apoio que desejarem, flip-chart, powerpoint, etc.., durante os 10 minutos estipulados.

POis bem, assim que a primeira equipe se ajustou no palco o professor disse que por algum motivo as apresentações teriam o tempo reduzido para 3 minutos, sem a utilização de recursos extras e o pior, sem utilizar termos tecnicos em ingles.

Dá pra imaginar o caos que se transformou a reunião.

No final tudo saiu razoalvelmente bem, já que o que se procurava era justamete isso, testar a capacidade de todos nós na adversidade.

Anônimo disse...

Perfeitamente explicado! Anotando.
João Mauro

Wartão disse...

Zezinho esse artigo ilustra bem o "corporativez" existente no mundo dos negócios de hoje, principalmente se V. trabalha em uma multinacional.
Mas no fundo, no fundo o que importa mesmo é o resultado final da empresa ao fim do período analisado.
Passei por uma situação interessante durante uma reunião de resultados na Universidade de Duke, na Carolina do Norte(USA).
Quando chegou a minha vez de apresentar os resultados da nossa empresa no Brasil, já era o 9° palestrante e eu estava realmente preocupado com os termos usados pelos palestrantes anteriores, pois estavam usando alguns termos dignos de economistas famosos que temos principalmente aqui no Brasil, e que o artigo ilustra bem.
Pois bem, normalmente eu deveria começar por narrar situações de mercado, de marketing, de produção, etc. e finalmente chegar no principal que seria o resultado da empresa no período.
Resolvi na ultima hora começar a minha palestra pelo final. Resultado: após a platéia( diretores e outros executivos), ouvirem que o nosso lucro "after tax"(só para usar um termo economêz), era o maior de todas as outas fábricas e unidades que estavam presentes, todos os presentes se levantaram e aplaudiram.
Consequencia: a palestra terminou ali, e os termos modernos de "economez e corporativez" foram esquecidos e a nossa unidade foi citada como exemplo para toda a companhia.
Estou citando essa passagem apenas para mostrar que a simplicidade é a alma do negócio.
Abs.