JAPÃO - ESTRADA NOVA EM 6 DIAS

Enquanto isso na terrinha...

Quando moleque, ainda não existia no Morro Chic a estação rodoviária (que fique claro: a estação ferroviária fica na Boa Vista). No grande terreno existente no local, instalavam-se os grandes circos que visitavam a região. Com nomes pomposos: Gran Circus Americano, Circo Garcia, Circo Mexicano, Circo de Moscou e assim por diante.

Foi num desses que vivi uma das primeiras grandes emoções da minha vida: assistir ao "Globo da Morte".

Era a última atração da noite, logo depois dos trapezistas voadores.

As luzes se apagavam, mas ficavan acesos alguns holofotes colocados estrategicamente próximos ao globo. Com o baterista da orquestra (tinham sim) fazendo rufar os tambores, surgiam os motoqueiros (até quatro motos giravam juntas), com roupas de couro e capacetes de pilotos da 2ª Guerra Mundial.

Roncavam os motores - as motos eram inglesas ou alemãs, não essas japonezinhas de hoje.

Nesse momento não tinha como segurar as furtivas lágrimas que rolavam nas faces das mocinhas e da meninada. Entravam as famílias dos motoqueiros e com fortes abraços se despediam. Na verdade, nunca soube se eram realmente as famílias.  Era demais para os corações sensiveis da Boa Vista.

Prá que tudo isso? Hoje, considerando a ausência de chuvas nos últimos dias, resolvi tentar atravessar do bairro do Pinheirinho até a rodovia Itajubá-Maria da Fé.

Segui o ritual. Com roupas adequadas e veículo com tração, despedi-me dos familiares e vizinhos antes de partir para a aventura.

Elevei o som do CD do carro que tocava o tema do filme "A Ponte do Rio Kwai".

Com acenos cadenciados, arranquei com o veículo.

Confesso, um pouco decepcionado, que não percebi nenhuma lágrima de quem quer que seja. Aliás, alguns olhares aparentemente diziam: Já vai tarde !

Depois de duas horas de périplo, estava de volta são e salvo.

A trilha está ruim, mas não tanto como falam.

ER