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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

GRANDE HOMEM

Tomou o barco, em São Paulo, o Sr. Roberto Gama Duarte. A sua última fotografia foi tirada num almoço no apartamento do seu aluno Paulo Noronha, levado que foi pelo Wellington Etrusco. Moços de São Gonçalo do Sapucai.
Em janeiro de 74, quando conclui o curso de engenharia elétrica, não sabia no que gostaria de trabalhar. Sabia muito bem, no que não queria, graças as experiências de muitos estágios durante o curso.
Meio sem rumo, fui convidado pelo Paulo Noronha para trabalhar com ele na Abinee - SP.
Aceitei de imediato, pois não tinha muito a ver com  engenharia .
Maravilha: Trabalhava na mesma sala que o Wellington Etrusco e uma figura impar, que se tornou de pronto o meu guru para todos os seguimentos (creio que já exercícia essa função junto aos outros). Sr. Roberto Duarte.
Já lá vão 37 anos. Trabalhamos poucos anos juntos. Nos pensamentos, estivemos próximos a vida toda.
Extremamente humano, cultura vastíssima, memória admirável e firme posição política.
Divergimos políticamente uma só vez enquanto estivemos juntos. O tempo provou que eu estava errado. Fui Quércia para o Senado, contra o respeitável Carvalho Pinto.
Deu Quércia e o Brasil perdeu.
Muito alegre e um inteligente brincalhão. Cansou-se de me colocar em posições tipo "saia justa". divertia-se com isso.
Peguei-o de jeito uma vez (almoçávamos a semana toda juntos - ele, Wellington e eu). Ele detestava fígado. Um dia lhe enganei e coloquei no seu prato um bife de fígado à milanesa. Estava bem disfarçado, com uma cobertura grossa.
Durante o almoço, com ele contando uma de suas criativas histórias, cortou o bife sem olhar e levou um pedaço a boca.
Fez uma cara de bravo, colocou um guardanapo sobre a boca, levantou-se e retirou-se da mesa e do restaurante. Passou uns dias sem conversar comigo.
Lógico que vingou-se. Mas fica para outra.
Aprendi muito com o pessoal de São Gonçalo, mas muito mais com o Sr. Roberto Gama Duarte. 
Foi uma das melhores pessoas que conheci na vida.

ER

Um comentário:

Anônimo disse...

Por falar em Grande Homem:


“Fui criado com princípios morais comuns:
Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos, eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades… Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade… Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror… Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão.
Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não levar vantagem em tudo significa ser idiota. Pagar dívidas em dia é ser tonto… Anistia para corruptos e sonegadores… O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser… Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?
Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores! Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão! Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho. Quero a esperança, a alegria, a confiança! Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível de…”, ao falar de uma pessoa. Abaixo o “TER”, viva o “SER”. E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã!
E definitivamente bela, como cada amanhecer. Quero ter de volta o meu mundo simples e comum. Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases. Vamos voltar a ser “gente”. Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe?… Precisamos tentar… Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem… Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!”.