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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O BRIO SEGUINDO PARA O RALO

Primeiro assistimos Felipe Massa ceder o primeiro posto para Fernando Alonso. Chateação geral e a conclusão que a Fórmula 1 não é esporte. Trata-se simplesmente de um negócio.
Assombrados, assistimos recentemente a extraordinária seleção brasileira masculina de Voley "entregar" um jogo no último torneio mundial. Justificativa: buscava a classificação numa chave mais interessante.
E vai por aí adiante.
Vemos acontecer agora no Campeonato Brasileiro de Futebol, que entra pela reta final, acontecimentos inusitados:
A torcida de um clube torcer e comemorar a derrota do seu time do coração, porque tal resultado prejudicaria um adversário local.
Só falta promoverem carreatas pela derrota.
Ah, diriam os observadores, o Inter de Porto Alegre venceu surpreendentemente o Botafogo, beneficiando, em princípio, o seu rival Gremio Portoalegrense.
Nesse caso eu afirmaria: Tudo bem. Com o Botafogo acontece de tudo, até o seu adversário honrar as tradições.
Assistiremos mais destas palhaçadas até o final.

ER

ONDE ESTÁ A SUA COERÊNCIA ?

Contardo Calligares escreveu e questionou hoje na Folha: A coerência é um valor moral?

Blog: Como o assunto "coerência" vem sendo muito citado neste cantinho, é interessante dar uma lida.

"No fim de semana retrasado, estive em Olinda, na Fliporto (Feira Literária Internacional de Pernambuco). No sábado, Benjamin Moser, que escreveu uma linda biografia de Clarice Lispector ("Clarice,", Cosac Naify), lembrou que, na famosa entrevista concedida à TV Cultura em 1977, a escritora afirmou que não fizera concessões, não que soubesse.
Moser acrescentou imediatamente que ele não poderia dizer o mesmo. E eis que o público se manifestou com um aplauso caloroso.
Talvez as palmas de admiração fossem pela suposta coerência adamantina de Clarice, que nunca teria feito concessões na vida. Talvez elas se destinassem a Benjamin Moser pela admissão sincera de que ele (como todos nós) não poderia dizer o mesmo que disse Clarice.
Tanto faz. Nos dois casos, o pressuposto é o mesmo. Que as palmas fossem pela força de caráter de Clarice ou pela honestidade de Moser ao reconhecer sua própria fraqueza, de qualquer forma, não fazer concessões parecia ser, para os presentes, uma marca de excelência moral.
A pergunta surgiu em mim na hora: será que é mesmo? Posso respeitar a tenacidade corajosa de quem se mantém fiel a suas convicções, mas no que ela difere da teima de quem se esconde atrás dessa fidelidade porque não sabe negociar com quem pensa diferente e com o emaranhado das circunstâncias que mudam? Aplicar princípios e nunca se afastar deles é uma prova de coragem? Ou é a covardice de quem evita se sujar com as nuances da vida concreta?
Como muitos outros, se não como todo mundo, cresci pensando que não fazer concessões é uma coisa boa.
Fui criado na ideia de que há valores não negociáveis e mais importantes do que a própria vida (dos outros e da gente). Talvez por isso me impressionasse a intransigência dos mártires cristãos (embora eu tivesse uma certa simpatia envergonhada por Pedro renegando Jesus para evitar ser reconhecido e preso)
Durante anos admirei os bolcheviques por eles serem homens de ferro (a expressão é de Maiakóvski, nada a ver com "Iron Man") e desprezei Karl Kautsky, que Lênin estigmatizou para sempre como "o renegado Kautsky", por ele ter mudado de opinião sobre a Primeira Guerra, sobre a revolução proletária, sobre o bolchevismo etc.
Vingança da história: Lênin se tornou quase ilegível, mas a obra principal de Kautsky, que acaba de ser traduzida, "A Origem do Cristianismo" (Civilização Brasileira), continua crucial.
Mas voltemos ao assunto. Hoje, estou mais para Kautsky do que para bolchevique; até porque descobri, desde então, que Mussolini se vangloriava gritando: "Eu me quebro, mas não me dobro". Ele se quebrou mesmo, enquanto eu me dobro e posso renegar ideias minhas que pareçam ser, de repente, inadequadas ao momento (dos outros, do mundo e meu).
Olhando para trás, descubro (com certo orgulho) que, ao longo da vida, fiz inúmeras concessões, inclusive na hora de escolhas fundamentais. Poucas vezes lamentei não ter sido coerente. Mas muitas vezes lamento não ter sabido fazer as concessões necessárias, por exemplo, na hora de ajustar meu desejo ao desejo de pessoas que amava e de quem, portanto, tive que me afastar.
Alguém dirá: espere aí, então a fidelidade a princípios e valores não é uma condição da moralidade?
Estou lendo (vorazmente) "O Ponto de Vista do Outro", de Jurandir Freire Costa (Garamond). O livro é, no mínimo, uma demonstração de que a forma moderna da moral não é o princípio, mas o dilema. E, no dilema, o que importa não é a fidelidade intransigente a valores estabelecidos; no dilema, o que importa é, ao contrário, nossa capacidade de transigir com as situações concretas e com os outros concretos.
A coerência é uma virtude só para quem se orienta por princípios. Para o indivíduo moral, que se orienta (e desorienta) por dilemas, a coerência não é uma virtude, ao contrário, é uma fuga (um tanto covarde) da complexidade concreta. Oscar Wilde, que é um grande fustigador de nossas falsas certezas morais, disse que "a coerência é o último refúgio de quem tem pouca fantasia" e, eu acrescentaria, de quem tem pouca coragem.
Resta absolver Clarice. Aquela frase da entrevista era, provavelmente, apenas uma reverência retórica a um lugar-comum de nosso moralismo trivial."

Contardo Calligaris 

ESTRANHO SILÊNCIO

O Jornal Folha de S. Paulo, após longa batalha judicial, teve acesso ao processo militar ao qual foi submetida Dilma Rousseff. Já devem ter estudado exaustivamente os documentos.
Sobre o assunto nada ainda foi divulgado.
Imagino o seguinte: Ou não encontraram nada jornalisticamente interessante, ou estão fazendo uma investigação adicional, checando dados e entrevistando pessoas.
Nas vésperas da posse, publicarão uma grande reportagem sobre o assunto. Daquelas aptas a ganhar o Prêmio Esso de jornalismo.
Não creio que isso possa ajudar em nada, embora também seja da opinião de que o povo tem o direito de conhecer bem a vida dos seus dirigentes.
Aguardemos.

ER

PESSOAL FOLGADO

Sérgio Porto - Stanislaw Ponte Preta

O negócio aconteceu num café. Tinha uma porção de sujeitos, sentados nesse café, tomando umas e outras. Havia brasileiros, portugueses, franceses, argelinos, alemães, o diabo.
De repente, um alemão forte pra cachorro levantou e gritou que não via homem pra ele ali dentro. Houve a surpresa inicial, motivada pela provocação e logo um turco, tão forte como o alemão, levantou-se de lá e perguntou:
- Isso é comigo?
- Pode ser com você também - respondeu o alemão.
Ai então o turco avançou para o alemão e levou uma traulitada tão segura que caiu no chão. Vai daí o alemão repetiu que não havia homem ali dentro pra ele. Queimou-se então um português que era ainda maior do que o turco. Queimou-se e não conversou. Partiu para cima do alemão e não teve outra sorte. Levou um murro debaixo dos queixos e caiu sem sentidos.
O alemão limpou as mãos, deu mais um gole no chope e fez ver aos presentes que o que dizia era certo. Não havia homem para ele ali naquele café. Levantou-se então um inglês troncudo pra cachorro e também entrou bem. E depois do inglês foi a vez de um francês, depois de um norueguês etc, etc. Até que, lá do canto do café levantou-se um brasileiro magrinho, cheio de picardia para perguntar, como os outros:
- Isso é comigo?
O alemão voltou a dizer que podia ser. Então o brasileiro deu um sorriso cheio de bossa e veio gingando assim pro lado do alemão. Parou perto, balançou o corpo e ... pimba! O alemão deu-lhe uma porrada na cabeça com tanta força que quase desmonta o brasileiro.
Como, minha senhora? Qual é o fim da história? Pois a história termina aí, madame. Termina aí que é pros brasileiros perderem essa mania de pisar macio e pensar que são mais malandros do que os outros.

Lalau


CARNAVAL FORA DE ÉPOCA

(Humberto - Jornal do Commercio)

SÉRIE: MARAVILHAS DA NATUREZA

MANDI CHORÃO

Da família Pimelodus. Peixe de couro de água doce. Possui três ferrões serrilhados, sendo um no dorso e dois nos flancos. Os ferrões são cobertos por substancias tóxicas que provocam muita dor após a ferroada.
Alimenta-se de insetos, além de animais microscópicos, peixes e vegetais. Quando aprisionados emitem pequenos chiados, daí o nome "chorão". Ele é um peixe territorialista.
Meu avô, Jayme Riera, ensinou-me um santo remédio para ferroada de mandi-chorão: ao receber a dolorida ferroada, fure um dos olhos do peixe com um canivete pontiagudo e esfregue o liquído no local atingido. A dor some na hora.
Certa vez, buscando explicações sobre esse remédio, meu tio Mário sugeriu que o líquido aplicado era inócuo. O que proporcionava o alívio era possivelmente o sentimento de vingança.
Para pensar.

ER 

Ó NÓIS AÍ NA FITA !

Dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas indicam que a economia informal no País atingiu uma nova marca. Eles chamam isso de Índice de Economia Subterrânea, que a chegou em 2010 ao montante de R$ 656 bilhões. Isso equivale a 18,6% do PIB.

Lógico que esse índice não é bom para o País. Mas de certa forma, explica-se pela alta tributação e também pela burocracia.

Mas a grande verdade poucos dizem: Para grande parte dos comerciantes, industriais e prestadores de serviço, a atuação, como eles denominam, "subterrânea", é uma questão de sobrevivência. O que sobra no final do mês é o que deixam de recolher.

Gostaria de descobrir como o Instituto Brasileiro de Economia da FGV estima esse número. Ao meu ver é muitíssimo maior.

ER

FRASE ABOBRINHA DO DIA


"De vez em quando eu digo que vou ter orgulho de ter terminado meu mandato sem ter almoçado em nenhum jornal, em nenhuma revista, em nenhum canal de televisão. Não precisei almoçar, não precisei jantar para poder sobreviver. Sei que durante muito tempo eles torceram para me derrotar. Mas eu sei que sou o resultado da liberdade de imprensa nesse país."

(Lula ontem)


PHOTOGRAPHIA NA PAREDE

(Velho Oeste)

DESCONFIADOS PRIMEIROS PASSOS

PEPINOS GRAÚDOS

Dilma deu uma sumida de circulação. Com certeza está caindo na real. São sérios os pepinos deixados porLula.
Governar o País é muito mais do que cobrar cronogramas de obras.
Muito "pé no chão", ela está se cercando de pessoas competentes e conhecedoras da máquina, aparentemente leais e sem ambições políticas (exceto o Palocci).
Guido Mantega, Alexandre Tombini, Miriam Melchior, Luciano Coutinho e Palocci formam um bom time.
Isso é o que interessa.
Os outros ministérios serão distribuídos politicamente. Obedecerão ordens.
Pepinos graúdos?
Inflação dando sinal de vida, taxa de câmbio supervalorizada,desindustrialização do País e necessidade brutal de recursos para alimentar a máquina.
De segurança pública, nem é bom falar neste momento.
Difícil de digerir, com certeza, será a sombra do ex-presidente Lula.
Não se enganem. Ele continuará falando pelos cotovelos. Uma colocação feita fora de hora poderá produzir um enorme estrago.
Dentro do governo ele nunca soube o que estava acontecendo, fora irá saber.
Estou cismado.

ER

BANANAS, BANANAS...