LOVE STORY
Hoje ele é um petista duro e implacável. É considerado um Átila da política. Seu sonho é um dia receber o título de cidadão honorário de São Bernardo do Campo, berço do seu partido (de Garanhuns também serve, penso eu).
Mas nem sempre foi esse bloco de mármore humano. Eu o conheci na juventude. Relato:
Quando estudantes estávamos os dois em São Paulo (retornando de um estágio) e somente conseguimos passagem para Itajubá no ônibus da noite. Com a tarde toda disponível resolvemos ir ao cinema (Cine República) assistir a um fenômeno de bilheteria da época: "Love Story". Não foi uma boa idéia para dois rapazes com seus vinte e poucos anos.
O filme, todos se lembram, foi de 1970, com Ali MacGraw e Ryan O´Neal, e conta a história de amor entre uma jovem estudante pobre e um rapaz rico. Contrariando a família rica eles se casam e vivem num miserê danado. No final a moça morre. Prá sair do cinema a gente tinha de arregaçar as calças de tantas lágrimas dos espectadores.
A frase "Amar é nunca ter que pedir perdão" foi repetida por milhares de namorados (mesmo sem entender bem o que queria dizer).
Pois bem: o futuro e implacável petista, sem imaginar a dura e futura missão que o esperava, abriu o bué. Não foram lágrimas furtivas. Foram lágrimas de esguicho, como dizia o Nelson Rodrigues.
Cena beirando o ridículo, com altos soluços e eu tentando consolá-lo sem transmitir a ideia para o restante da platéia, que se tratava de uma emoção envolvendo um casal "adiantado" e coloque adiantado nisso para a época.
Chegou em Itajubá à noite, com os olhos ainda inchados.
A música de Francis Lai ganhou o Oscar de 1971. Realmente é emocionante.
Chegou em Itajubá à noite, com os olhos ainda inchados.
A música de Francis Lai ganhou o Oscar de 1971. Realmente é emocionante.
Apesar de toda sua casca-dura demonstrada hoje, ele sabe que fui testemunha do dia que o petista chorou. Dentro daquela carapaça existe um coração.
ER