Os dois irmãos tinham um pequeno sítio no caminho do Biguá, onde tiravam um leitinho de umas vacas salameiras, criavam uma galinhada bonita,solta pelo quintal e engordavam uns "capados"para venda direta aos açougueiros do mercado.
Uma vez por semana desciam, no caminhãozinho velho, para a cidade trazendo um ou dois "capados"para comercializar.
Naquela sexta-feira só trouxeram um porco.Mas que porco ! O cachaço quase não andava mais de tão gordo.
Já estava escurecendo quando chegaram na Igrejinha, próximos de pegarem a rodovia asfaltada. Foi quando um conhecido acenou pedindo que parassem o caminhão.
Era o Vicentão, amigo de longa data, que avisou: Se estão levando mercadoria, abram o olho, pois o Fitinho (Fiat 147) da fiscalização está estacionado antes da ponte e parando todo mundo.
PQP, exclamou um dos irmãos. Estamos sem Nota Fiscal e se param, tomam o porcão da gente e ainda tacam uma multa por cima. No que completou o outro: Aí que quebram a gente de vez.
Disse o mais velho: Vamos esperar escurecer mais um pouco." Favor, ajude nóis aqui Vicentão!"
Amarraram os pés do porcão, colocaram nele uma velha capa de chuva e com esforço sobre-humano, colocaram o bicho sentado no meio do banco da frente, socando um chapéu na sua cabeça. Tocaram em frente.
Como era de se esperar, a fiscalização, composta de dois fiscais e um policial militar, deu ordem para parar.
Pararam na beira da rodovia, sem desligar o caminhão.
Os fiscais se acercaram do caminhãozinho e um deles olhando pela janela, perguntou: Estão levando mercadoria ? Não Senhor, falou o irmão mais velho, que também era o motorista.
Enquanto isso o outro fiscal conferia a carroceria vazia.
O fiscal olhou, olhou e autorizou a partida.
O caminhão pegou a estrada e um dos fiscais, recém transferido de Belo Horizonte, comentou com o outro:
Povinho estranho esse daqui, com o que o outro completou: Concordo. Você viu a cara daquele gordão de chapéu no meio ?
E a vida segue.
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